5/12/2004

2- O que os jovens lêem e o modo como lêem...

No que respeita este ponto são de referir contribuições de Drª Kim Reynolds, e dos autores Tim Bowler e Gillian Cross (ver )


A Drª Kim Reynolds, historiadora de literatura infantil, investigadora e professora da Universidade de Surrey directamente ligada ao NCRCL (National Centre for Research in Children’s Literature ) falou-nos do inquérito lançado a nivel nacional, sobre os hábitos de leitura das crianças e jovens. Este trabalho*, de que foi a principal responsável, veio substituir a anterior referência datada já dos anos setenta.
Dos resultados do inquérito destacam-se três aspectos particularmente significativos:

I- O primeiro tem a ver mais uma vez com a importância da criação dos hábitos de leitura nos primeiros anos de vida. Com efeito, e por ex., o único denominador comum encontrado nas crianças que chegavam à escola sabendo já ler era o contacto prévio com livros, isso independentemente do nível de rendimentos do agregado familiar (pois encontravam-se neste caso famílias em que um dos membros estava desempregado, mas onde se cultivava o hábito da leitura).

II- Outro aspecto interessante foi o lugar cada vez mais importante dado pelos jovens à leitura de documentos em suporte diferente do livro, destacando-se as revistas, e os textos electrónicos.
É interessante a plena consciência da utilização destes novos suportes de leitura -e até mesmo de linguagens, como é o caso das mensagens "SMS"- por parte de autores como Gillian Cross que os utiliza nas suas obras, nomeadamente no livro Beware of the Demon Headmaster.

III- Para terminar, é de referir o facto, aparentemente contraditório, de haver cada vez mais pessoas dedicadas a promover a leitura entre os jovens (autores, editores, pais, professores, bibliotecários) e estes terem cada vez menos tempo para ler!
Muitos dos especialistas que falaram neste seminário, inclusivé Kim Reynolds, alertaram para a necessidade imperativa de se fazer um espaço no horário ocupadíssimo dos jovens em idade escolar para eles realmente lerem: é preciso arranjar-lhes tempo e espaço.
A propósito deste facto reconhecido por todos, a colega de Espanha falou de uma medida implementada na Escola onde é Bibliotecária, em que se resolveu “tirar” 5 minutos a cada aula, dedicando os resultantes trinta minutos diários (ou quarenta) a uma sessão de leitura em cada turma, sendo assim que os alunos começavam o seu dia de aulas: a ler.

Entretanto três outros países, inspirando-se no trabalho orientado pela Profª Reynolds levaram também a cabo inquéritos semelhantes sobre o que lêem os seus jovens e como lêem.

*Contemporary Juvenile Reading Habits: A study of young people's reading at the end of the century, The British Library, 1994 161pp
Young People's Reading at the End of the Century, Book Trust, 1996 258pp

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